Principais abordagens de golpistas do Leilão Falso

Para olhos incautos, pode parecer bem difícil identificar uma tentativa de golpe. Mais do que derrubar sites e perfis falsos, a principal ferramenta contra grupos e indivíduos criminosos é a própria vítima em potencial reconhecer os sinais suspeitos e bloquear a abordagem, interrompendo o ciclo fraudulento.

O intuito deste post é instruir o máximo de pessoas possível sobre os principais métodos e abordagens de malfeitores que aplicam o golpe do leilão falso, a fim de que cada vez menos pessoas sejam vitimadas por esse tipo de ação.

 

MÉTODOS DE GOLPE

Existem vários métodos, canais, plataformas e meios de aplicação do golpe do leilão falso. Os principais são:

  • SITE FALSO

A grande maioria dos sites falsos utiliza endereços com final .net, .org ou .com, registrados em domínios estrangeiros, o que dificulta muito a sua derrubada. Alguns conseguem registro em domínio nacional (final .com.br) e enganam mais ainda.

O design dos sites varia: pode ser bem malfeito, com um acúmulo de informações na tela para confundir o visitante, mas também pode ser bastante sofisticado. O que todos têm em comum é a presença de logotipos, selos e imagens de um leiloeiro, agência de leilões ou órgão oficial, como DETRAN, Prefeituras, Tribunais etc. Os criminosos vão direto nas fontes oficiais, pegam imagens chamativas e colocam na página de frente do site, com botões e jargões que simulam um leilão verdadeiro.

 

(Exemplo de anúncio em site falso)

 

  • VENDEDOR OU FUNCIONÁRIO FALSO

Outro método bem comum é se apresentar como vendedor, representante comercial ou funcionário de um leiloeiro oficial, mas há relatos de pessoas se apresentando como despachantes e rodoviários. A abordagem costuma ser bem direta e visa induzir a vítima a um pagamento apressado.

Nessa abordagem, a intenção é oferecer uma venda direta, o que é proibido por lei para leiloeiros. Como o próprio nome diz, o leiloeiro é o profissional apto para conduzir um leilão: uma modalidade de venda que consiste em utilizar um mediador (o leiloeiro) entre o comitente (instituição que detém os bens) e o arrematante (pessoas interessadas em determinado bem). Sendo assim, os leiloeiros só podem atuar, exclusivamente, com essa modalidade de venda e não podem ter lojas, vendedores ou representantes, pois SOMENTE O LEILOEIRO pode atuar durante o leilão.

Como muitas vítimas em potencial não sabem dessa informação, é fácil se passar por um representante ou funcionário do leiloeiro, oferecendo os veículos. A melhor forma de verificar a veracidade da abordagem é pedir para fazer uma visita ao local. Em alguns casos, é anunciado um local estranho: SEMPRE OLHE NO GOOGLE MAPS A FACHADA antes de visitar qualquer local! No caso do Rogério Menezes, os golpistas até usam o endereço verdadeiro, mas bloqueiam ou param de responder a pessoa, pois sabem que basta uma visita ao pátio para todo o golpe ser desvendado.

 

(Exemplo de falso funcionário se apresentando no WhatsApp)

 

  • ANÚNCIO DIRETO NAS REDES SOCIAIS E NO WHATSAPP

O anúncio costuma ser bem simples: é divulgada uma cartela de veículos, com preços muito abaixo da tabela FIPE e do praticado pelos leilões oficiais. Além disso, há uma série de promessas de benefícios incríveis: os veículos estão sempre em ótimo estado, sem sinistros, sem débitos, com garantias e entrega sem ônus para o “arrematante”. De acordo com um alerta emitido pelo sindicato dos leiloeiros do Rio de Janeiro, o arrematante deve sempre suspeitar de veículos anunciados por valor inferior à média de 60% do preço de mercado e garantia de entrega ao arrematante (leiloeiros NÃO FAZEM entrega a domicílio: o arrematante precisa retirar o veículo diretamente no pátio e esse é, inclusive, um dos custos extras do arremate).

Uma forma de identificar se o anúncio é falso é checar onde e por quem foi postado. Todos os leiloeiros sérios divulgam seus leilões por meio de perfis e páginas oficiais e os anúncios não são feitos por perfis individuais. Também não é comum encontrar publicações em grupos de compra e venda de carros, por exemplo.

O maior indício de atividade suspeita é o próprio texto: são muitos erros de português, emojis e ofertas maravilhosas.

 

(Exemplos de anúncio falso no WhatsApp)

 

  • COOPTAÇÃO DE TERCEIROS

Como se não bastasse aplicar golpes em vítimas seduzidas por uma proposta aparentemente irrecusável, alguns criminosos dão dois golpes em um: oferecem vagas de emprego falsas e usam pessoas inocentes como ponte para encontrar possíveis vítimas do golpe maior.

Mas como funciona esse esquema?

  1. O golpista anuncia uma “vaga de emprego” ou “chance de renda extra” para trabalhar de casa mesmo, com horários flexíveis e prometendo um ótimo salário semanal ou quinzenal. Ele se apresenta como vendedor, representante ou funcionário do leiloeiro. A função é simples: postar em vários grupos de venda de veículos, todos os dias, divulgações dos serviços de leilão.

 

(Exemplo de vaga anunciada)

  1. A pessoa interessada na “vaga” entra em contato pelo WhatsApp e recebe a instrução de postar um texto pronto que, em quase todos os casos, é feito com muitos emojis e erros de português, além das fotos dos veículos.
  2. A partir daí, o golpista indica vários grupos, em média 20, de venda de veículos usados e seminovos, em várias cidades e até em outros estados, e diz para o cooptado postar todos os dias o texto e a foto dos veículos. Assim, ele alcança milhares de pessoas em potencial que, invariavelmente, são atraídas pelos veículos oferecidos por preços muito baixos e condições incríveis, além de um atendimento bastante rápido.

 

Tudo isso acontece no Marketplace do Facebook e no WhatsApp, tanto a oferta da vaga falsa e o contato com a vítima do golpe final. O modus operandi, então, passa a ser de ignorar e bloquear a vítima da vaga falsa, que obviamente não recebe nada pelo “trabalho” desempenhado e costuma ser imediatamente bloqueada ao cobrar seu pagamento. O mesmo ocorre com as vítimas do golpe final que suspeitam da fraude.

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